Ushuaia 99 - Parte 11
A viagem dia-a-dia (20/01 - 22/01)
Descrição da viagem dia a dia:
20 - Pucon - Passeio nos Lagos - Lago Caburga e Lago Villarica -
Cachoeiras. 
Acordamos tarde e decidimos ir passear pelos lagos e curtir uma cachoeira e praias.
Afinal ninguém é de ferro. Passamos na cidade para comprar comida e tomamos o caminho
para o Lago Caburga, passando antes pelas cachoeiras "Ojos del Caburga" e mais
uma outra onde a Tércia se arriscou a nadar na água fria. No lago fomos a "Plaia
Blanca" dar uma nadada, tomar sol, lagartear e fazer pic-nic. De lá pegamos um
trecho de estrada que o Guia recomendava somente para carros 4 x 4. Passava por uns
afluentes do rio que alimenta o lago Villarica. |
Foi
quando a Tércia pegou o rádio e propôs que lavássemos os carros em um daqueles rios.
Não deu outra, quando passamos no próximo rio o Neto embicou o carro rio acima e nós
paramos dentro dágua. Tiramos os sapatos, pegamos uma panela e uns pedaços de pano
e nos divertimos lavando os carros. Depois de mais de 1.000 km de ripio eles
mereciam. Tinha poeira até não poder mais. O Sol estava gostoso e ficamos ali dentro do
rio mais de uma hora nos divertindo. Depois tocamos na direção de uma reserva indígena
e o outro lado do lago Villarica. No final da estrada de terra havia ainda mais um rio
para cruzar e um areal que ia dar na beira do lago. |
Fomos até lá conferir pois havia uma Cherokee na beira do lago e as
Toyotas não podiam ficar para trás. Mais uma vez a Tércia se arriscou nas águas
geladas. Uma vista linda com o vulcão ao fundo. Voltamos para Pucon e compramos material
para mais um churrasco, acompanhado de uma garrafa de Pisco Sauer que acabou rapidinho. |
21 - Pucon - Angol - Parque Nahuelbuta - Pico del Aguila - Concepcion.
Quando telefonei para o Galo ele havia dado uma dica. Em vez de ir direto para
Concepcion deveríamos passar pelo Pico del Aguila no Parque Nacional Nahuelbuta. Além do
pico pode-se ver araucárias milenares. Tomamos a ruta 119 em direção a ruta
panamericana, ruta 5, que cruza o Chile de norte a sul e vai até o Alasca. É uma estrada
boa, mas muito movimentada. Fomos até a entrada para Angol e paramos na cidade para
perguntar a um taxista o caminho para o parque . Ele não nos explicou, ele nos levou até
o começo da estrada de ripio com uma recomendação; "cuidado com as
curvas". Ele tinha razão porque a estrada serpenteava pela encosta do morro subindo
de 100 a 1500 m de altitude em uns 30 km. Mas é um caminho lindo, passando por fazendas
que parecem ser habitadas por mapuches. Graças a direção hidráulica dos carros nós
chegamos ao parque com os braços inteiros. |
O
guarda-parque nos deu as indicações para chegar no Pico del Águilla e continuamos
subindo por uma estrada de areia meio fofa e com uma forte inclinação. Lá encima fomos
caminhando até o pico, passando por uma mata de araucárias chilenas, diferentes das
nossas. Do pico se tem uma vista fantástica, mas somente em dias "despejados".
O dia estava "meio despejado" e deu para ver bastante coisa. Comemos e descemos
em direção ao litoral. A descida foi pior que a subida em termos de curvas e de estrada
de ripio. A única compensação é que não havia movimento nenhum e nem precisamos das
telas de proteção de para-brisas. A estrada de asfalto para Concepcion estava cheia de
caminhões de transporte de madeira que não se deixavam ultrapassar e andavam a mais de
120 km/h. É uma região de indústria madeireira e parece que eles ganham por viagem. A
chegada em Concepcion pelo sul não é das mais bonitas, há muita pobreza e muitas
indústrias de resíduos de peixe (imaginem o cheiro). Depois que passamos por Coronel,
onde ficam as indústrias, cruzamos o rio Bio-bio pela ponte velha e entramos na cidade.
Fomos direto para o hotel que o Galo nos havia reservado, um hotel 3 estrelas com cochera.
A noite um bom jantar no "Novillo Loco" e cama. No dia seguinte iríamos ao
Full-traction Center. |
22 - Concepcion.
Saímos cedo para a oficina, eu, Neto e o Fernando, de carro, Tércia para andar pela
cidade e Rosa curtiu hotel. Na oficina fomos super bem atendidos. Abrimos as ordens de
serviço (troca de óleo de motor, câmbio e diferencial, rodízio de pneus e regulagem
dos freios). Eu pedi para trocar um dos parafusos da roda traseira esquerda que estava
espanado. Vinha viajando o tempo todo com 5 parafusos naquela roda. Como tinha a peça
para trocar e estava em uma oficina bem equipada julguei que deveria aproveitar. Saímos a
pé pela cidade procurando o pisca-pisca dianteiro da Toyota japonesa para adaptar no meu
carro (questão de vaidade), "fuego intermitente que se pone sobre el tapabarro de la
Toyota 82". Além do mais não tínhamos nada para fazer. As encontramos por 11.000
pesos chilenos o par na Casa Nihon. Infelizmente o rapaz da loja só tinha um par senão
as traria para os amigos toyoteiros. O dia estava nublado, ventava e fazia um frio bem
forte para ser verão. Voltamos para a oficina de ônibus (micro como dizem eles) e
deixamos os piscas para voltar mais tarde e pegar os carros. Ainda fomos passear na
Universidade, conhecemos um famoso mural pintado por um mexicano e almoçamos no Mac
Donalds da cidade (um banho de civilização). Tomamos o micro de novo e fomos
buscar os carros. Estava tudo pronto, pagamos, demos duas camisetas de presente para os
mecânicos e saímos todos felizes em direção a um parque municipal à beira do mar.
Iríamos encontrar o Oceano Pacífico e os pelicanos. Andei mais ou menos 1 km em um
trânsito meio congestionado. De repente uma sensação estranha. Olhei para
o lado e a roda traseira passou por nós, bateu em um poste, derrubou a luminária e
atravessou para a outra pista onde parou. O carro andou um pouco em três rodas e arreou
para o lado. Isso aconteceu em uma avenida movimentada em frente ao "shopping
center" de Concepcion. Fiquei sem saber o que fazer, desorientado. Enquanto o Neto e
a Tércia sinalizavam o local eu me recompus e fui a uma firma ali em frente telefonar
para o "Full-tracion Center". Para encurtar a história, o mecânico havia
desmontado o diferencial traseiro e o eixo da roda para trocar o parafuso. Ao montá-lo
não checou a trava da ponta do semi-eixo do outro lado. Ela não estava encaixada e a
roda saiu. O dono, o chefe da oficina e o gerente não sabiam onde meter a cara e nos
prometeram consertar tudo e pagar o hotel caso tivéssemos que ficar em Concepcion além
do programado. A 19:30 horas saíamos da oficina com o carro em ordem e em direção a um
restaurante à beira mar. Nada melhor para terminar um dia desses. Ficou uma lição:
"se o carro está funcionando a contento não mexa em nada antes de chegar em
casa". |
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