Ushuaia 99 - Parte 9
A viagem dia-a-dia (16/01 - 17/01)
Descrição da viagem dia a dia:
16 - Parque Nacional Glaciares Perito Moreno - El Calafate - Tres
Lagos - Tamal Aike - Bajo Caracoles - Perito Moreno.
Chegou o dia de pegar a famigerada "ruta 40", 700 km de ripio nos esperavam
até a cidade de Perito Moreno. Desarmamos as barracas, tomamos café e fomos até El
Calafate pois queríamos telefonar para casa. Meu filho estava viajando de moto pela
"Estrada do Inferno"e eu queria saber como estava indo. Telefonamos, enchemos os
tanques no outro posto da cidade e tomamos o rumo. Esta estrada é indescritível, é uma
paisagem ao mesmo tempo árida e bonita. |
O
piso de cascalho as vezes é escorregadio, as vezes firme, as vezes o vento te joga para
os lados. Muitas vezes paramos para tirar fotos. Como quando passamos pelo lago Viedma e
vimos do outro lado o Glaciar Fitz Roy e a montanha do mesmo nome. O Neto quase atolou na
beira deste lago. Algumas vezes paramos para oferecer ajuda para carros parados à beira
da estrada, como um californiano viajando com um caminhão 4x4, um grupo de chilenos
puxando trailers. Em Tres Lagos há um posto e meia dúzia de casas, nada mais. |
Havia um
ciclista que estava viajando na ruta 40 e havia caído e machucado uma das mãos. Não
podíamos oferecer ajuda. Passou por nós uma Land 90 com uma bandeira do Canadá (como
tem louco nesse mundo!). Paisagens incríveis. Paramos para tirar fotos em uma encosta
onde a estrada descia serpenteando. Tamal Aike é apenas um ponto de referência no mapa.
Passamos por um acidente fatal, havia um corpo coberto ao lado do carro. Marcamos o lugar
no GPS e avisamos o dono do posto em Bajo Caracoles 81 km depois. |
Ele correu para o posto de polícia para avisar, mas eles já sabiam e disseram
que recolheriam o corpo quando desse. Já haviam cuidado dos feridos. Em Bajo Caracoles
há um posto, um boteco/armazém e uma dúzia de casas, uma metrópole. De lá seguimos
para a cidade de Perito Moreno (não confundir com os Glaciares homônimos) e dormimos em
um hotelzinho com cochera. A cidade tem um hotel em cada extremidade. Aproveitei
para remendar o meu colchão de ar para usá-lo no próximo acampamento. Aliás, foi a
única coisa que furou na viagem inteira. |
17 - Perito Moreno - San Carlos de Bariloche
Acordamos cedo, tomamos café no hotel, fomos para a estação de serviço para o nosso
ritual (abastece, lava para-brisas e sopra filtro de ar) e saímos da cidade por um
trechinho de asfalto que passa em frente a uma instalação militar. Logo depois recomeça
o ripio. Andamos na ruta 40 ainda uns cento e poucos quilômetros e saímos dela pegando a
ruta 15 asfaltada indo em direção a El Maiten e San Carlos de Bariloche. Quando pegamos
o asfalto eu passei o volante para a navegadora e dormi uns 160 km. Só acordei quando
havia um trem maria-fumaça cruzando a estrada na nossa frente. Era um trem turístico na
região de Trevelin. Chegamos próximo de Bariloche a vegetação mudou completamente para
o verde/verdíssimo. Já quando paramos novamente para abastecer estávamos no meio de um
bosque. A Bariloche chega-se pelo Lago Nahuelhuapi. Queríamos pegar uma cabaña para dormir e entramos no primeiro lugar onde havia uma placa anunciando alojamento. Um
simpático senhor argentino nos explicou que estava lotado, mas que uns 6 km atrás havia
uma pessoa que alugava quartos. Fomos até lá e pegamos dois quartos categoria 5 estrelas
pelo preço de 1 estrela. O rapaz se dispôs a cozinhar um jantar para nós e ainda foi
buscar umas cervejas no vizinho porque ele sabia que brasileiro gosta de cerveja. O local
ficava à beira do lago e fomos dar uma olhada naquelas águas geladas. A paisagem é
linda, mas não dava para nadar pois a água estava muito fria. A noite conversamos com um
senhor que também estava hospedado por ali e ele nos deu a dica de seguir pelo caminho
dos seis lagos e cruzar a fronteira no Parque Nacional do Vulcão Lanin. O caminho era
quase todo de terra e ripio, mas valia a pena. É claro que aceitamos a sugestão! |
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