Ushuaia 99 - Parte 8
A viagem dia-a-dia (13/01 - 15/01)
Descrição da viagem dia a dia:
13 - Ushuaia - Rio Grande - San Sebastian - Fronteira Argentina/Chile
- Cerro Sombrero -Punta Delgada - Estreito de Magalhães - Morro Chico - Puerto Natales.
Saímos de Ushuaia cedinho, ainda frio. Havíamos combinado de tomar café no caminho,
no modo pic-nic. Pela primeira vez fomos parados pela polícia para exibir nossas
carteiras de motorista internacionais. Foram simpáticos, fizeram as perguntas de sempre e
nos recomendaram boa viagem. Pegamos de novo a subida da montanha de ripio, a descida e
chegamos ao asfalto. Procuramos um lugar abrigado do vento para o nosso café da manhã, o
achamos atrás de um barranco. O Enio havia ficado no camping. Quando estávamos saindo de
nosso esconderijo ele estava passando pela estrada e ainda deu tempo de conversarmos pelo
rádio. Passamos por ele e paramos em Rio Grande para abastecer as geladeiras e o estoque
de sanduíches pois tínhamos uma longa estrada pela frente. Pretendíamos cruzar a
fronteira para o Chile, cruzar o Estreito de Magalhães e rumar para o oeste e norte em
direção a Puerto Natales. No ripio encontramos o Enio de novo. Ele estava
rebocando um argentino que havia quebrado o carro. Oferecemos ajuda, ele declinou e
seguimos para a balsa. Quando nossa balsa
estava saindo ele vinha chegando com o seu reboque. Ainda conversamos pelo rádio até o
outro lado do Estreito. Nos despedimos e pegamos a estrada. Essa estrada também tinha
somente meia pista asfaltada, seguia reto no sentido leste-oeste e tinha um vento contra
tão forte como nunca vi. A Toyota fez menos que 7,5 km por litro naquele trecho. Quando
encontramos a estrada que liga Punta Arenas a Puerto Natales julgamos que haveria algum
posto no caminho. Quando os ponteiros já estavam bem no vermelho descobrimos um
restaurante a beira da estrada e paramos para comer. O pessoal nos atendeu muito bem e
explicou que ali não havia posto. Quando havíamos saido de Calleta Olivia recomendei o
Neto a encher o seu galão de reserva. O meu vinha cheio desde Campinas. Usamos os galões
e chegamos em Puerto Natales ainda com uns 5 l de diesel nos tanques. Puerto Natales é um
lugar lindo, à beira de uma bahia que parece um lago e com cisnes de pescoço preto.
Depois de encher os tanques, soprar os filtros de ar, lavar os para-brisas (a rotina de
sempre) perguntamos a moça do posto onde poderíamos nos hospedar e ela sugeriu
procurarmos uma cabana. O Neto havia visto umas na estrada, mas logo desistiu na idéia
quando lhe mostrei umas na beira do mar. Fomos para lá e uma mocinha meio maluquinha nos
atendeu muito bem, mostrando as cabanas e sorrindo muito. A cabana era super confortável,
com aquecimento, banheiro ótimo, camas para cinco pessoas, fogão, geladeira, etc (preço
por dia US$ 70,00). Ainda fomos a cidade comprar algo para cozinhar para o jantar e para o
café da manhã. Os armazéns ficam abertos até tarde, o que facilita as coisas. Dormimos
super bem com o aquecimento ligado e debaixo dos cobertores. |
14 - Puerto Natales - Parque Nacional Torres del Paine.
Acordávamos sempre por volta das 8 horas. O mesmo ocorreu neste dia. Tomamos café,
pagamos e fomos até a cidade reabastecer as geladeiras e comprar algo para fazer
sanduíches e frutas. De lá saímos para o Parque Nacional Torres del Paine. Era um dia lindo e "despejado" (sem nuvens, em espanhol). O caminho
para o parque se revelou muito bonito. Passamos por Cerro Castilho, onde iriamos cruzar a
fronteira no dia seguinte, e seguimos para o parque. No caminho encontramos um bando de guanacos bem mansos que se deixaram fotografar de perto. Ao fundo já se via as torres que dão
nome ao parque. À entrada do parque escutamos a preleção usual dos guarda parques e
encontramos um brasileiro. Nos dirigimos ao camping que fica mais próximo das torres. |
Passamos
uma ponte super estreita e seguimos por uma trilha onde só passava um carro. Cruzamos com
um Niva ! Passamos um córrego raso e demos de cara com uma equipe da TV Globo que estava
gravando um programa e nos segurou por quase uma hora para dar entrevista. Armamos as
barracas. O Neto voltou para Puerto Natales para atender uma emergência odontológica da
Rosa e eu, Tércia e o Fernando resolvemos enfrentar o vento e a montanha para chegar ao
Abrigo Chileno. Caminhar montanha acima com vento contra é duro! |
Duas
horas e meia de caminhada de ida. A beleza da paisagem compensou o esforço. Inclusive uma
família de patos que resolveu dar um espetáculo particular para nós. Voltamos mais
rápido porque o vento estava a favor e "para baixo todo o santo ajuda". No
camping descobrimos que o vento havia "deitado" as barracas, apesar de estarem
armadas entre uns arbustos. As rearmamos e colocamos o carro do lado do vento para
protege-las. Quando o Neto chegou cozinhamos e comemos ao ar livre ao Sol das 22 horas. |
15 - Parque Nacional Torres del Paine - Cerro Castilho -Fronteira Chile/Argentina - Cancha
Correa - El Calafate - Parque Nacional Glaciares Perito Moreno.
De novo a mesma rotina. Desarmar as barracas, esquentar a água para o café, comer e
pegar a estrada. Paramos na beira de um lago de águas verdes para tirar umas fotos.
Chegando em Cerro Castilho fomos aos procedimentos fronteiriços em um lugar que não tem
mais do que duas casas do lado de cá e uma casa do lado de lá. Parece cenário de filme
de far-west. Pegamos o ripio até El Calafate. Entramos na cidade e fomos para o posto
para nossa rotina, enche o tanque, lava o para-brisas e sopra o filtro de ar. Sempre
aproveitávamos para dar uma soprada dentro do carro para tirar parte da poeira fina que
penetra por todos os lados. O
pessoal ficava meio chateado da gente usar o ar comprimido por tanto tempo e sempre dava
uma bronquinha de leve. Fui ao centro de informações turísticas saber se havia um
camping dentro do parque e perto dos Glaciares. Disseram que não, mas havia. Ainda
compramos postais e demos uns telefonemas para o Brasil. Nos dirigimos ao parque, e tome ripio!
Uma estrada cheia de carros, micro-ônibus e vans de turistas. O guarda parques nos
informou que havia um camping selvagem pertinho do Glaciar e um camping com chuveiro
quente um pouquinho mais a frente. Ótimo. A primeira visão do Glaciar Perito Moreno é
uma coisa de louco. A gente vê, olha, mas não acredita. |
É indescritível. Ficamos algumas horas por ali olhando, tirando
fotos, comendo e olhando de novo. De repente começou a esfriar, tomamos um café e fomos
para o camping armar as barracas e tentar tomar um banho quente. Tomamos meia garrafa de
pinga enquanto armávamos as barracas. Na hora de comer o vento era tão forte e frio que
comecei a comer queimando a lingua e no meio do prato a comida já estava gelada. A noite
escutávamos o rumor do gelo, pareciam trovões no meio da noite estrelada. |
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