Dicas & Idéias Fotos & Relatos Planilhas & Roteiros Clubes & Associações Manutenção & Mecânica Curiosidades & Crônicas Fale Conosco

São Paulo/Montevideo/São Paulo - Parte 5

(Clique nas fotos para ve-las em tamanho maior)

Estrada do Inferno/RS
Parque Nacional Lagoa do Peixe/RS
Passo do "S" e da Ilha/RS
Praias de Santa Catarina

A Estrada do Inferno tem como nome oficial BR 101 e está localizada no estado do Rio Grande do Sul entre a Lagoa dos Patos e o Mar e entre as cidades de São Josédo Norte e Tavares.
Este trecho possui 132 km e antigamente era toda de areão de difícil acesso, daí o nome Estrada do Inferno. Em janeiro de 2002 eu a percorri e constatei que o Inferno está mais suave. Somente entre Estreito e um pouco acima de Bojuru, com aproximadamente 55 km, a situação está um pouco ruim, porém as obras para asfaltar estão em andamento.
Nestes 55 km é possível passar com carros altos como pick-up ou Kombi. Há quem se arrisca passar com carros de passeio em dias secos, porém eu desaconselho. Existem trechos trafegáveis assim como trechos "atoláveis"! 
Durante todo o trajeto passa-se por fazendas com criação de gado e plantação de cebola. Também é possível ver algumas vacas comendo cebola!
Para quem começa a viagem partindo de Cassino, como eu fiz, encontra um vilarejo logo ao sair da balsa. A primeira padaria-mercadinho do lado direito da rua é um ótimo lugar para pedir informação. A proprietária, atenciosa, conhece tudo por ali.
Existe a possibilidade de seguir viagem pela areia da praia, porém é aconselhável informar-se sobre a maré e o tempo. Vale lembrar que vento vindo do norte é tempo bom e vento vindo do sul... boa sorte!
Eu optei ir pela estrada por 3 motivos. Primeiro, eu já havia rodado mais de 200 km pela praia no dia anterior vindo do Chuí até Cassino. Segundo, o tempo estava mudando e o vento estava começando a vir do sul e terceiro eu queria ver o capeta na tal Estrada do Inferno.
Informação interessante que peguei na padaria: pode parecer óbvio, mas em cada vilarejo da estrada (que consta no mapa) há uma saída para a praia. O problema é sempre a cordilheira de dunas que tem que atravessar. Portanto não é bom arriscar inventando caminhos novos.
Bem, saindo deste vilarejo, andei 15 km até São Josédo Norte/RS por uma estrada de blocos toda ondulada devido aos pesados caminhões de cebola que trafegam na região. No centro de São José não existe sinalização e tive que perguntar sobre o trajeto. Saindo da cidade já peguei 37 km do asfalto novo até Estreito/RS.
Em Estreito começa a estrada de areia. O capeta estava de férias e fiz o percurso de 45 km de areia até Bojuru/RS somente em 4x2. Devo mencionar que só peguei dias secos em quase toda a viagem!RS18.jpg (23571 bytes)
Após Bojuru, 10 ou 12 km, já começa o asfalto novamente, porém eu queria conhecer a Lagoa do Peixe com seu Parque Nacional. Então um pouco antes de chegar em Bojuru eu saí da Estrada do Inferno e fui sentido praia por uma estradinha até chegar nas dunas, onde se perde o referêncial e tem que prestar muita atenção para seguir as poucas marcas de pneus. Saí em uma pequena vila de 10 ou 15 casas, onde me informei sobre a praia e a lagoa.
Para chegar na Lagoa do Peixe não tem erro, andar por volta de 52 km pela praia sentido norte até chegar na Barra da Lagoa do Peixe.RS19.jpg (18599 bytes)
Esta barra é funda e não vale a pena arriscar. Fui contornando a barra até chegar na vila de pescadores. Existe um acesso que se passa por um longo trecho dentro da lagoa. A água é salgada e possui várias profundidades e fundo lodoso. A travessia é muito simples desde que se passe nos pontos certos. RS19A.jpg (22362 bytes) Existem bambus delineando o caminho e indicando onde é raso e o solo é rígido, porém alguns bambus São levados pela água ou derrubados pelo vento.
Nos dois lados da barra existem vilas de pescadores e os garotos conhecem bem a travessia. Rapidamente achei um garoto que aceitou atravessar comigo. Sua preocupação era saber se o motor tinha bastante força para passar na água! Há dias não chovia e a lagoa estava um pouco seca. A água não chegou nem na metade da roda na área mais funda. Conforme informações, isso só ocorre quando ela está cheia.RS20.jpg (34029 bytes)
O primeiro trecho é mais longo, em curva e tem até bifurcação no caminho. Passa-se por um pedaço de terra onde existem ruínas de uma salina, então começa o segundo trecho em linha reta até o vilarejo do outro lado. Contornei novamente a barra até chegar na praia e continuei sentido norte (obviamente).
Conforme informação de um pescador, é possível subir pela praia até Quintão/RS, próxima cidade litorânea, porém além de ser muito longe, existem pelo menos 6 lagoas grandes que não se sabe como estarão suas barras.
Para voltar para a BR101, acima de Tavares/RS, existem duas opções. Partindo da Lagoa do Peixe contar + ou/10 km (2º vilarejo) e sair da praia seguindo a rua principal até chegar na BR101. Segunda opção é continuar pela praia até chegar no farol, que pode ser visto deste segundo vilarejo, e pegar a estradinha até a BR101, continuando a viagem sentido norte.

AVISO IMPORTANTE PARA QUEM FIZER ESTE TRAJETO: Todos estes trajetos percorridos pela areia da praia e a Lagoa do Peixe possuem ambiente salino altamente agressivo na corrosão do veículo, portanto sugiro uma lavagem completa o mais rápido possível. Vários postos desta região têm plataforma para lavagem de caminhões. Eu vim desde o Chuí pelas praias e tinha muita areia no meu carro. Parei em Osório/RS, que é uma cidade com boa infraestrutura e paguei R$ 35,00 (jan/2002) para lavagem completa dentro, fora, motor e lubrificação.

Tudo bem que esta limpeza só durou até a cidade de Três Coroas/RS, onde já peguei 11 km de terra até o topo da serra para conhecer o Centro Budista. RS21.jpg (21735 bytes) O ano novo da cultura Budista é comemorado em 18 de fevereiro, quando eles fazem uma grande reunião neste local. O centro é interessante com sua arquitetura e colorido típico.
Cultura adquirida, subi mais um pouco a serra e segui para São Francisco de Paula/RS, onde dormi e passei um pouco de frio. Antes de seguir viagem, passei pela cachoeira da Ronda na saída da cidade.
Fui revisitar Faxinal dos Pelúcios e Passo do "S", que eu já conhecia, porém São locais de muita beleza. Para chegar em Passo do "S" vindo de São Francisco do Sul, foi simples. Eu poderia ter pego uma estrada de terra com 27 km até Várzea do Cedro/RS, porém conforme informações locais, esta estrada estava muito ruim e me aconselharam a pegar a RS020 até Tainhas/RS e depois a BR453 até Várzea do Cedro. Andei 37 km a mais, porém em asfalto e economizei muito tempo, levando em consideração que eu iria pegar ainda muita terra pela frente. Agora era só seguir para Alziro Ramos por terra e virar à direita, numa estradinha estreita, aos 17 km, mas para minha surpresa a estrada estava sendo asfaltada e melhor ainda as obras estavam exatamente no ponto que eu iria sair. RS22.jpg (37137 bytes)Continuando apenas mais 2 km pelo asfalto novo chega-se no minúsculo vilarejo Faxinal dos Pelúcios, onde existe um antiguíssimo bar. Seu proprietário adora uma boa prosa e conhece cada palmo desta região. Eu perguntei apenas onde era o Passo do "S" e ele me falou de várias estradas e quilometragens num raio de 100 km.
Saindo do asfalto e pegando a estradinha estreita, acompanhei um longo muro de pedras e bonitas araucárias. Onde não havia pedra, a lama escorregava muito devido a chuva do dia anterior. Aos 3,2 km passei por uma ponte e aos 4,6 km peguei à esquerda na bifurcação. Aos 8 km cheguei ao famoso Passo do "S". Mas porque este nome? 
Bem, "Passo" porque temos que atravessar o largo rio Tainhas. RS23.jpg (23711 bytes)Este rio possui por volta de 300 metros de largura e grande volume de água, mas curiosamente existe uma enorme laje de pedra onde podemos passar com o carro. RS24.jpg (24533 bytes)Claro que existem os pontos rasos certos de passagem.Foram colocadas algumas estacas delineando o caminho correto para não afundar nos buracos. Este caminho tem o formato de um "S". Portanto Passo do "S"!
A dica que o senhor do bar me deu é fácil. Passe onde a água está turbulenta.Se a água corrente está lisa é porque está mais fundo. A corredeira estava calma e no ponto mais fundo a água chegou na metade da roda.Claro que primeiro atravessei a pé para reconhecimento do piso.
RS25.jpg (20479 bytes)Para completar a beleza deste local, 100 metros rio abaixo, as águas se dividem e metade forma uma bonita corredeira e a outra metade forma uma larga cachoeira RS26.jpg (23670 bytes)vertical de 20 metros de altura. A dica é antes de passar o rio, andar pela borda dele até ver a cachoeira deste lado e depois de passa-lo, fazer o mesmo do outro lado.
Esta passagem eu já conhecia de uma outra viagem de moto que fiz por aqui, mas tive problemas com combustível e filme fotográfico, então tive que ir embora sem conhecer o Passo da Ilha.Mas desta vez vim para ver e fotografar tudo!
Passo da Ilha está alguns quilômetros rio acima. Existe uma ilha no meio do rio e nela há o camping Passo da Ilha do simpático senhor Dante Santos (54 504-9771). Muita gente deixa a barraca montada por longa temporada e vai somente aos finais de semana. Longe de tudo, a sede possui um pequeno restaurante-lanchonete e vende alguns itens de socorro para campistas.
Para chegar na Ilha após passar pelo "S" é fácil. Zerar o odômetro na saída do rio. Meu odômetro é original do carro, portanto a quilometragem deve variar um pouco.

2,0 km - virar à direita;
3,9 km - porteira;
5,5 km - Fazenda Juca Candemil. Simpático rapaz que vende queijo. Se não quiser comprar queijo siga reto!
6,6 km - porteira e siga reto;
7,1 km - atravessar rio;
7,5 km - porteira;
8,9 km - virar à direita;
10,9 km - rio e Passo da Ilha. Atravessar em linha reta com a entrada do camping, mas vá a pé antes.

Após almoçar, visitar toda ilha e ter uma longa prosa com o Sr. Dante comecei o trajeto para Cambará do Sul/RS. Zerei o odômetro na saída do rio por onde cheguei.

2,0 km - seguir reto;
6,2 km - porteira Fazenda Espírito Santo;
8,2 km - seguir reto;
9,1 km - seguir reto;
9,6 km - porteira;
13,4 km - seguir reto;
Seguir sempre pela principal;
16,1 km - virar à esquerda;
16,5 km - pedreira, seguir reto;
17,0 km - começa asfalto;
17,3 km - virar à esquerda na estrada RS020;
Mais 25 km chega-se em Cambará do Sul.
Cambará do Sul/RS possui vários locais de beleza natural fantástica, entre eles o cânion Itaimbezinho, cânion Fortaleza com a cachoeira do Tigre Preto, a Pedra do Segredo. Todos estes eu já conhecia e resolvi continuar viagem, pois eu queria ainda visitar algumas praias de Santa Catarina e tinha que chegar a tempo para o casamento da minha prima em Santos/SP.
Descendo a serra para Santa Catarina, dei a primeira carona de toda viagem. Era uma das guias turísticas do cânion Itaimbezinho que mora em Praia Grande/SC.
No caminho, papo vai, papo vem e ela me perguntou se eu conhecia o cânion e cachoeira do índio. Eu não conhecia e dei carona para a pessoa certa. Paramos o carro junto ao posto de fiscalização estadual e caminhamos uns 15 minutos na mata até que vi o cânion e a linda cachoeira com duas grandes quedas. Mais uma vez a proeza se repetiu. Acabou o filme fotográfico!
Continuando a viagem, na decida da serra ela foi me mostrando cada ponto dos cânions até que chegamos em Praia Grande. Dali segui direto para a BR101 e comecei a subir para o norte.
Em Araranguá/SC eu parei para abastecer e dei uma rápida olhada no guia Brasil, onde descobri que ali havia um museu de carros antigos. O dono do posto Ipiranga Irmão da Estrada, no km 413 da BR101, possui 42 carros e caminhões em perfeito estado de conservação. O mais antigo é de 1919 e os mais novos São da década de 80. Ele não faz propaganda, mas a entrada é gratuita. Basta procura-lo no posto.
Saindo dali fui até o Morro dos Conventos de frente para a praia. Uma formação rochosa de onde se avista a barra do rio Araranguá e as dunas.

RS27.jpg (20789 bytes)Continuando para o norte, eu entrei na cidade Jaguaruna, onde vi uma casa de madeira sobre uma F1000, a casa era muito mais larga que o caminhão e pedindo licença aos carros ela ia passando pelas ruas da cidade.
No caminho para o Farol de Santa Marta/SC, na Praia do Cardoso vi 4 meninas com um Pálio atolado sobre uma duna. No começo eu fiquei com receio de entrar com meu carro ali, mas após uma breve sondagem do solo eu tentei retira-las por onde elas entraram, pois havia menos areia fofa, mas quase atolei e não consegui. Então tentei pela frente, onde havia mais areia e arrastei o pálio sem dó até o solo firme. Uma delas ainda comentou: - "Este é o 4º ano que atolamos aqui!"
Caramba! E ainda não aprenderam !!!
Socorro prestado, segui para o farol (1890), onde o visitei e depois andei pelo vilarejo. Na volta resolvi me arriscar nos charcos e dunas para chegar na Praia Grande. Dali eu devia ter seguido pela praia e sairia na estrada mais adiante, mas não sabia se havia acesso no fim da praia e resolvi não arriscar, pois não havia ninguém para perguntar. Marquei bobeira, pois a estrada estava em péssimas condições e no fim descobri que havia acesso pela praia.
Após rápida visita na Praia Galheta, fui direto para Laguna/SC. Esta cidade eu já conhecia de outros carnavais. Contornei-a pelas praias e fui para a Praia do Gi ao norte, onde conheci a Pedra do Frade. Curiosa formação rochosa na beira do mar, onde parece que alguém colocou uma pedra sobre a outra. RS28.jpg (17209 bytes) Dali obtive informação que havia uma estrada de terra boa que já saia na BR101 sem que precisasse voltar até Laguna.
A próxima parada foi na cidade Imbituba/SC, onde subi no morro das torres de TV. O visual lá de cima é muito bonito avistando as lagoas, o mar, a estrada, o porto e a cidade. Subida íngreme, mas fácil para um 4x4. RS29.jpg (19771 bytes) Dormi nesta cidade e no dia seguinte conheci uma sequencia de praias badaladas começando pela Praia do Rosa, que estava lotada de gente e carros. Sem opção de estacionamento tive que apelar para os dotes de um 4x4. Estacionei em um barranco onde o Toyota parecia que estava em exposição.
As praias seguintes foram da Barra e da Ferrugem que são separadas pela barra da RS30.jpg (21964 bytes)lagoa de Garopaba e o simpático morrinho, onde as pessoas se reúnem para apreciar o por do sol.Quando a lagoa está com as águas baixas é possível passar com o carro de uma praia para a outra.

Garopaba/SC é uma cidade pequena, mas com ambiente gostoso e badalado. Após uma rápida visita no mirante junto às torres de transmissão, segui em frente por estrada de terra, passando ao lado das enormes dunas de Siriú. Ali muita gente se diverte descendo as dunas com esquibunda, snowboard, rolando, etc.
Esta estrada saiu na BR101 junto à cidadezinha de Paulo Lopes/SC. Dali segui em frente para a praia Guarda do Embaú, onde fiz uma gostosa caminhada pelas encostas do morro com visuais maravilhosos.RS31.jpg (16376 bytes) Logo ao lado está a praia da Figueira. Aqui tentei subir o morro no canto direito, mas infelizmente não fui feliz devido a um obstáculo. Resolvi não insistir após 3 tentativas e enquanto eu fazia o retorno passou um rapaz puxando uma vaca bonita e muito grande. Acho que foi uma das maiores que já vi.
Fim de tarde com por do sol, resolvi dormir por aqui mesmo depois de curtir um pouco a badalação noturna da Guarda do Embaú.
Minha intenção era parar em Balneário Camboriú/SC apenas para cumprimentar os amigos e seguir para Sampa, mas após um papo acabamos indo dar uma volta na nova e bonita estradinha Interpraias. Esta estrada asfaltada com 15 km, passa por 5 praias. RS32.jpg (18729 bytes) A praia de Laranjeiras é uma das mais movimentadas, porque é o ponto final do bondinho aéreo. Aproveitei para explorar um pouco a região e entrei aleatoriamente numa estreita trilha que foi sair nas pedras de frente para o mar.
Em Navegantes/SC passei para dar um alô para minhas amigas Mara e Marjori e segui direto para São Paulo. Próximo da divisa de estado do Paraná com São Paulo começou a chover muito forte. Reduzi a velocidade, pois havia muita água no asfalto. RS33.jpg (29958 bytes) Após uma curva eu vi algumas pedras na pista e o mato ao lado todo arrancado, mas com cara de que acabou de acontecer um acidente. Resolvi parar e vi uma carreta Scania no fim do barranco. O motorista, um senhor de 65 anos de idade ainda estava tentando sair do caminhão. Rapidamente calcei minhas botas e desci para ajuda-lo. Felizmente ele só teve um pequeno corte na testa e estava bem. O caminhão só não estragou mais porque a carreta desceu antes da cabine. Esperamos a polícia e após ajuda-lo a achar, dentro da cabine toda revirada seus documentos, chaves e pegar o registro do tacógrafo que o policial solicitou, fui embora parando somente em São Paulo.

Anterior Acima