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A Viagem
Logo após passar o Natal com a família em Santos/SP, peguei
minha branca Toyota Bandeirante e parti apenas com uma única companhia: minha
fiel galinha de borracha, rumo a uma viagem de destino incerto (mas desde que
perto da natureza).
Essa é a quarta vez que viajo sozinho para o sul do Brasil, mas a primeira com
meu inseparável e amado jipe. Outras vezes, fui de moto (costumo descer pelo
interior visitando cavernas, rios, cachoeiras e montanhas e subo pelo litoral
visitando praias).
Comecei descendo pela BR116 - que ainda possui trechos sem duplicação e, para
variar, obras largadas. Parei em Curitiba/PR somente para abastecer e continuei
a descida da serra pela BR376.
Já em Garuva/SC, próximo à divisa do Estado, parada rápida, para
cumprimentar meu bom amigo Flademir e esposa, donos do posto junto à estrada.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, a estrada passa a ser chamada BR101.
No caminho das cachoeiras: 16km após a
entrada de Joinville/SC, entrei à direita na BR280 a caminho de Jaraguá do
Sul/SC, nomeada cidade com melhor qualidade de vida do Estado. Nessa cidade
existe o Morro da Boa Vista (897 metros), que faz jus ao nome.
A vista é realmente maravilhosa e o acesso é fácil para veículos 4x4 ou
moto. Com visual do Vale do Itapocu, é possível ver o litoral catarinense a
50km em dias claros. Conforme se sobe o morro, o número de casas vai
diminuindo, até chegar a uma porteira com uma casa ao lado. Após as 18h00 esta
porteira fica trancada. Daqui para cima a subida fica ainda mais bonita.
Na entrada da cidade existe um posto de informação turística, onde é
possível pegar o mapa da cidade, obter informações sobre cachoeiras e outros
pontos turísticos. Mas se você quer ir direto ao morro, pare em um posto de
gasolina e pergunte a um frentista. Eles são as melhores pessoas para este tipo
de informação. Experiência própria! 
Neste dia não visitei o morro devido ao nevoeiro que chegou junto comigo na
cidade. Só não fiquei chateado com isso porque eu já havia subido lá em uma
viagem anterior.
Continuando, 15km adiante pela BR280, cheguei em Corupá/SC, conhecida pelas
cachoeiras que despencam do planalto. Por falta de posto de gasolina, perguntei
para um taxista onde era a Rota das Cachoeiras. A cidade é pequena, todos
conhecem. Subi uma estrada de terra até o fim, onde encontrei um restaurante.
Ali deixei o carro.Após um bom alongamento, tênis velho no pé e máquina fotográfica na mão,
comecei a subida pela trilha ao lado do rio. São 14 cachoeiras, sem contar as
corredeiras e pequenas quedas.O
mais bacana é que as últimas cachoeiras são mais altas e mais bonitas - entre
elas a cachoeira Boqueirão (penúltima) e o Salto Grande, com 125 metros de
queda d`água. Valeu a pena a caminhada.
Corupá também é conhecida pela produção de orquídeas e bromélias.Vale
lembrar que a cidade tem poucas opções para pernoite.
Voltando para Jaraguá do Sul pela BR280, peguei a SC416 a caminho de
Pomerode/SC, a cidade mais alemã do Brasil. Na SC416 sobe-se uma pequena serra
e a descida é bonita com casas no estilo alemão e jardins floridos. Mas não
pode ter pressa, pois existemlombadas, trechos de paralelepípedos e muita
sinuosidade na estrada.
Depois de uma rápida visita na cidade, parti para Timbó/SC.Existem
dois caminhos: um é asfaltado e sinuoso, que sai do centro de Pomerode e vai
direto para Timbó. O outro é de terra e passa por Morro Azul (758 metros), de
onde o céu fica coberto por asas-deltas e pode-se ter uma vista panorâmica de
Pomerode.
No começo da subida do morro, logo se descobre porque o ele se chama Azul:
inúmeras hortênsias formam um lindo corredor pela estrada.
Fui para Timbó, mas meu objetivo era chegar em Doutor Pedrinho/SC, uma
pequenina cidade no topo da serra (+ ou/36km).Eu sabia que teria que pegar
algumas estradas de terra. Como a noite estava chegando e nestas estradas não
há placas de informações e nem pessoas para perguntar, tratei de me informar
no posto de gasolina. Dormi em Timbó para sair cedo no dia seguinte. Para minha
sorte, Edegar - que é frentista - estava indo para muito próximo de onde eu
queria ir. No dia seguinte, claro, lhe dei carona e, para aumentar a minha
sorte, ele resolveu me acompanhar às duas cachoeiras que eu queria visitar, já
que ele as conhecia. Outra surpresa: a tal estrada de terra já estava asfaltada
até a Doutor Pedrinho.
Até Benedito Novo/SC são 14km; e mais 7km até Alto Benedito Novo/SC. Porém,
500 metros antes de chegar a esta pequena cidade, é possível ver o Salto
Donner do lado direito da estrada. Outra pequena estrada de terra leva até o
pé da cachoeira.
Infelizmente não pude apreciar essa maravilha em sua completa performance, pois
havia somente alguns fios de água.
Cachoeira Paulista e Gruta Nossa
Senhora - Continuando, 9km mais adiante existe uma grande placa
indicando as atrações. Virei à esquerda em boa estrada de terra cercada por
muita plantação de arroz.
São 8km até uma pequena placa indicando Cachoeira Paulista. Na verdade, são
duas bonitas cascatas com 40 metros de queda livre. Na empolgação de ver esta
cachoeira, passei direto pela entrada da gruta; mas na volta entrei ao lado
esquerdo de uma igreja e subi mais 1km por uma estradinha estreita. Aí logo vi
a placa indicando a gruta. Entrei por uma trilha, rodei uns 800 metros e fui
obrigado a deixar o carro, pois havia uma árvore caída na trilha. Caminhei por
uns 200 metros e dei de cara com a enorme gruta, com uma pequena queda de água
no centro da boca. A distância entre a queda d'água e o fundo da gruta é de
quase uns 30 metros. Espaço suficiente para um pequeno altar com a imagem de
Nossa Senhora.
De volta ao carro, precisei ir de ré por uns 100 metros para para sair da
trilha estreita, onde apertadamente consegui manobrar e virar o carro. Nestes
momentos a Toyota curta faz a diferença. De volta ao asfalto, andei mais 6km e
cheguei a Dr. Pedrinho.
Cachoeira Véu da Noiva -
Nome tradicional dado a toda grande cachoeira... Chegando ao centro da cidade,
virei à direita no trevo, passei por uma ponte e no "T" virei à
esquerda. Tudo isso em pouco mais de 50 metros. Deste ponto foram + ou - 10km
por terra muito bem conservada passando por mais inúmeras plantações de
arroz. Existem placas indicando a cachoeira.
Após entrar à esquerda na bifurcação, tive que estacionar o carro e fazer
uma caminhada de 20 minutos (cronometrados!) por trilha fácil, bem demarcada e
sem bifurcação. Com 63m de altura e grande volume de água, a cachoeira
impressiona. Tem uma grande piscina em sua base e, claro que a água é geladíssima. Após a
devida apreciação e fotos, retornei ao carro.
Continuando mais1 km pela mesma estrada, subindo a montanha, é possível ter
uma visão panorâmica da cachoeira.
Na volta para a cidade, Edegar, que cresceu na região, me perguntou se eu
queria ver outras cachoeiras por ali. Bem, ele me mostrou mais 6 bonitas
cachoeiras escondidas na mata e dentro de propriedades particulares, que só
quem conhece sabe como chegar lá.
Numa das estradinhas de terra, logo após uma curva, demos de cara com uma
senhora vindo com uma varinha de bambu na mão. Ao ver meu carro ela deu
meia-volta e começou a andar em passo acelerado. Edegar me pediu para parar ao
lado dela e então ele a chamou: "- Ei, vó eu sou o Edegar, seu
neto!" Assustada, olhou para ele e disse: "- Seu safado! Quer
me matar do coração? Eu vi esse carro e pensei que fosse o IBAMA vindo pegar
minha varinha de pesca!"
Muitas risadas depois e mais algumas dicas da "vovó", enfim
retornamos para a cidade, onde deixei o Edegar na casa de seu pai e prossegui
viagem.
Salto do Zinco - Para
chegar a esse local, me deram algumas dicas para cortar caminho. Saí de Dr.
Pedrinho e voltei por Alto Benedito Novo (Salto Donner), descendo a serra. Após
2 lombadas, uma pequena ponte. Mais 2 lombadas, virei à direita em uma estrada
de terra.
Deste ponto são 8km até Ribeirão Liberdade, um pequeno vilarejo - que se não
prestar atenção, ninguém vê. Mais 6km até a bifurcação, pegar à direita.
Este ponto é importante para a volta. Por aqui existe o Salto da Usina com
seqüência de 5 quedas, mas na minha empolgação de ver o Zinco, passei direto
e esqueci desse.
Bom, dessa bifurcação até o Salto do Zinco são 7 km, passando por uma
porteira ao lado de uma casa antes da serra e um mata burro no topo da serra.
Tudo o que eu já tinha visto nesta viagem era bonito, mas este salto foi muito
mais. De muito longe, antes de subir a serra, a beleza já chamava a atenção.
Por dentro do vale do Zinco, é possível avistar a queda de água branca no
meio da mata verde!
Após passar o mata burro no topo da serra e ter que driblar o gado e suas
"minas", passei por um pequenino rio e logo parei próximo ao abismo.
São 76 metros de altura com queda livre da água. O gostoso foi deitar na
pontinha da pedra no topo e ver a água caindo. Às vezes o vento não deixa a
água chegar no chão e a joga de volta para cima. Claro não passei incólume
por esse momento e me molhei. Desse ponto é que vi que aquele pequenino rio que
eu havia passado com o carro também forma uma pequena queda, porém um pouco
escondida na mata. Dando a volta, cheguei em um mirante onde vi a queda de
frente. São imagens muito bonitas!
Fim de tarde em horário de verão engana bastante e eu não estava com a
intenção de dormir por ali, mas havia 6 casais de jovens começando a montar
acampamento, pois no dia seguinte iam praticar cascading (rapel em cachoeira).
Bem, após apreciar toda aquela maravilha e um rápido bate papo com o pessoal,
comecei o retorno descendo duas serras, para a cidade de Rodeio/SC, que fica
perto da BR470.
Passa mata burro, desce 1º serra, passa porteira e chego na tal bifurcação.
Até aqui tudo bem, pois eu já conhecia. Agora, virando à direita seguiria 6
km até o vilarejo de Ipiranga - que se não prestar atenção passa-se direto -
como aconteceu comigo. A noite já tinha chegado e o escuro já tomava conta da
estrada de terra. Eu precisava ter virado à esquerda numa pequena ponte de
madeira, mas não sabia que era bem na curva para a direita. Claro que não vi e
passei direto. Comecei achar estranho que a estrada estava ficando cada vez mais
estreita e subindo uma serrinha. Definitivamente, eu estava perdido. Mas para
quem perguntar às nove da noite no meio daquele lugar escuro, puro breu, sem
viva alma à vista? Apenas pernilongos e muitos vaga-lumes...
Enfim, como mamãe me adora, a ajuda divina apareceu: logo após uma curva,
quase bato em um carro de boi vazio, vindo do nada e indo para lugar nenhum,
dirigido por um senhor muito simpático. Ele me informou sobre a ponte, mas não
sabia dizer qual a distância. Tudo bem, voltei devagar para não errar
novamente e constatei que talvez eu tivesse errado mesmo de dia, pois a ponte
estava escondida logo depois de uma grande vegetação. Bem, daí para frente
eram só mais 10km e mais uma serra até Rodeio. Era tarde, eu estava cansado e
esses 1 km pareciam 100. Não chegava nunca, até que do topo da serra avistei a
cidade. Parei para apreciar a serra e ao fundo as luzes da civilização. Bateu
uma preguiça, estacionei o carro em uma área de escape e dormi ali mesmo, com
todo aquele visual.
Acordei cedo e desci a serra acompanhando um rio com suas várias quedas. Ainda
bem que fiz este trecho de dia, pois o visual era muito bonito, com hortênsias
na beira da estrada. Na base da serra eu deveria seguir em frente, mas minha
teimosia dizia para virar à esquerda, que devia ter uma cachoeira no fim da
estradinha que dava no paredão da serra. Minha teimosia deu certo: havia um
hotel fazenda com uma queda de água.
Finalmente acabou a terra, passei por Rodeio e cheguei na BR470. Meu objetivo
agora era visitar uma caverna em Botuverá/SC. Segui pela BR e fui para
Gaspar/SC, passei por Brusque/SC e cheguei em Botuverá. Este último trajeto
tem vários trechos em paralelepípedo.
Caverna Botuverá - A
prefeitura administra o parque e a entrada na caverna cobrando R$ 3,00 por
pessoa - incluindo guia, passeio de 45 minutos, capacete e apresentação de um
vídeo informativo. A caverna é muito comprida, mas a visitação por passarela
e iluminação tem 220 metros passando por 3 salões vale a pena. Muito bonito e
interessante. Eu considero uma menor escala da famosa Caverna do Diabo em
Eldorado/SP.
Do centro de Botuverá são 14km, sendo 4 km por asfalto e o resto por terra em
bom estado de conservação. Além das placas indicativas, o local é bem
conhecido na região.
Saindo de Botuverá, passei por Brusque - onde existe um grande pólo de
confecções - e segui para Navegantes/SC, onde visitei minha amiga Mara.
Atravessei a balsa, passei por Itajaí/SC e fui para Balneário Camboriú/SC que
estava lotado de turistas. Aqui acabei ficando um dia todo só de prosa com meus
amigos Elisa, Mônica e Gustavo. Fofocas em dia, segui para Florianópolis/SC.
Florianópolis - Vim para
Floripa passar o ano novo em Caieiras da Barra do Sul, na casa da minha prima
Rosa Maria, junto com a família. Porém, mal cheguei à ilha e recebi uma
ligação das amigas paulistas Lynn e Márcia, que estavam no restaurante do
Arante, em Pântano do Sul. Para chegar lá, sofri um pouco devido ao intenso
trânsito. A ilha estava lotada de turistas e conseqüentemente, as estradas
também. Findo o bate papo, eu não estava a fim de voltar por aquelas estradas
lotadas e dar a volta na montanha. Consultando o garçom, logo descobri que
existe uma estrada - só que em péssimas condições - no canto direito de
Pântano do Sul, que atravessa o morro. E ainda com direito a uma cachoeira no
meio do caminho.
Subi tranqüilo porque estava tudo seco (mas imagino que aquilo molhado deva ser
uma aventura e tanto). Ao passar sobre um pequeno rio, logo vi algumas motos e
um Niva parados. Não tive dúvida, parei ali e desci a pé 100 metros por uma
trilha. A cachoeira não é grande, mas tem uma piscina muito gostosa com alguns
pontos estratégicos para saltos, onde os nativos, que conhecem bem, davam
grandes piruetas antes de mergulhar na água.
Banho tomado, poeira limpa, show circense e tudo o mais, continuei na estrada,
pois ainda tinha que descer o morro e procurar a casa da minha prima. A descida,
com um visual maravilhoso, foi no mesmo jeito que a subida, tranqüila porque
estava seca e com bonita vista panorâmica da região
Facilmente achei a casa da minha prima. Passei o ano novo sob chuva e falta de
luz, mas com a alegria da família.
No dia seguinte, minhas amigas paulistas resolveram fazer a trilha a pé para a
praia dos Naufragados. São 40 minutos de caminhada por trilha leve, mas
demoramos uma hora. Na praia existem algumas famílias que vivem de pesca. Com
três restaurantes para turistas e sem eletricidade, os caiçaras tentam ganhar
dinheiro no verão quando os turistas aparecem por lá.
Cansadas da caminhada, elas ficaram tomando sol na praia. Já eu fui subir o
morro do lado direito da praia, que tem um visual muito legal do continente, por
ser a última praia ao sul da ilha, e ainda achei um farol e 3 canhões
abandonados.
Depois de almoçar e conversar com um caiçara nativo, a tarde foi chegando e o
retorno nos chamando. Elas decidiram voltar de barco e disseram que viram
golfinhos. Eu voltei em passo acelerado pela trilha fazendo em 20 minutos. |